- Trabalho vencedor na Categoria Jornalismo Interpretativo - Perfil, na V Semana de Estudos da Comunicação da Faculdade Boas Novas!
Cursar o Ensino Superior deixou de ser sonho para muitos brasileiros. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, entre 1998 e 2008, o número de estudantes universitários passou de 6,9% para 13, 9%. O crescimento é atribuído, em parte pela ascensão da classe C, que já equivale a 23% das matrículas no Ensino Superior; ao aumento do número de universidades e faculdades no país; e à consequente redução no valor das mensalidades.
O que antigamente era privilégio apenas dos filhos de burgueses, hoje está cada vez mais ao alcance de todos. O sonho do diploma universitário pode virar realidade para pelo menos 6, 5 milhões de brasileiros. Esse contingente foi formado ao longo dos últimos 6 anos representando um aumento de 46%.
Fazendo um recorte entre esses mais de 6 milhões que esperam o tão desejado diploma estão aspirantes à médicos, educadores, engenheiros, jornalistas e tantas outras profissões que formam o leque de cursos de graduação do Ensino Superior. Dentre tantos, um me salta aos olhos. Ele entra uníssono na sala de aula, com um “boa noite” de locutor, ele é mais um acadêmico no curso de Jornalismo noturno da faculdade que carrega em seu nome uma das mais gratificantes possibilidades do jornalismo, trazer “Boas Novas”.
Dos bancos de ônibus para as carteiras da faculdade. Assim se resume a rotina de Antônio Carlos Rangel Bastos, 46 anos, universitário e motorista de ônibus na cidade de Manaus. Após 21 anos sem estudar, Rangel vê no curso de Comunicação Social um futuro promissor, quer ser jornalista formado e trabalhar no rádio.
“No meu tempo se escrevia no quadro negro com giz. Hoje, os recursos tecnológicos invadiram a sala de aula e facilitam muito a vida dos estudantes”, diz Rangel. Se antes, pelas palavras de Paulo Freire, a educação era a bancária, o que se vê atualmente é uma constante troca de conhecimento. Para o universitário, o fluxo de informações é tão grande, que às vezes, ele não consegue acompanhar. “Acordo todos os dias às quatro da manhã, quando chego à faculdade já estou muito cansado, mas mesmo com as dificuldades continuo sendo persistente”, afirma.
Com pouco saudosismo, Rangel relembra os tempos de escola e dos métodos que eram usados, como as sabatinas com os famosos “bolos” com palmatória de madeira Acapul. “Na época, se um colega dissesse algo na sala de aula era prontamente expulso, era considerada uma afronta ao professor”.
Rangel também faz parte do quadro dos brasileiros que se dividem entre o emprego e o estudo. O IBGE aponta que a proporção de universitários que trabalham passou de 63%, em 1998, para 71% em 2008. Um número que mostra o desejo do brasileiro em obter uma melhor qualidade de vida, já que possuir um diploma de ensino superior pode gerar um aumento de 171% na renda média do trabalhador.
Quando pergunto ao universitário sobre seu sonho, Rangel é enfático: “Na sala de aula enfrento minhas dificuldades em busca de conhecimento para exercer uma nova profissão. Já fui açougueiro, taxista, pescador, sou motorista de ônibus há 22 anos, mas daqui a dois anos, com meu diploma na mão e muitas idéias na cabeça, vocês me ouvirão nas ondas do rádio”.
Por enquanto, ainda no 4º período de Jornalismo, além de dividir suas experiências e aprender com os colegas e professores, Rangel mostra que não há idade para buscar conhecimento e que não devemos apenas sonhar, mas construir nossos sonhos com nossas próprias mãos. As de Rangel buscam deixar o volante para segurar de um lado, um diploma, e do outro, um microfone.
Esse é: Antônio Carlos Rangel Bastos
Nossos agradecimentos por nos deixar falar um pouco sobre sua história!
Equipe: Alice Souza, Anne Ketlen Moraes, Cynthia Assunção e Rayron Nascimento